Publicado em: sexta-feira, 09 de junho de 2023

A fase de cria é responsável pelo pontapé inicial do ciclo pecuário, a produção de bezerros. Nessa fase, a procura por maximizar desempenho reprodutivo de forma sustentável é a chave para uma pecuária lucrativa e perene.

Para isso, na pecuária moderna temos que agir com estratégias especificas para as fases gestacionais e fases de produção e qualidade forrageira, que sejam eficientes e rentáveis nas propriedades, procurando melhorar os índices zootécnicos.

O fator determinante no desempenho de bovinos de corte é a nutrição; e quando se fala em vaca, o sucesso reprodutivo e produtivo é dependente de uma correta nutrição, pois esta é a categoria animal mais exigente. Temos que lembrar que este animal deve crescer, ganhar peso, emprenhar, nutrir o feto , produzir leite e depois emprenhar novamente, então a demanda de cuidados nutricionais específicos para cada etapa fisiológica, e a nutrição (proteína, energia e minerais) vai ter papel importante no ECC, Escore de Condição Corporal dos animais, intervalo entre partos e desempenho dos bezerros pós nascimento.

Falando em nutrição, o pasto é a principal fonte de alimentação dos ruminantes, porém ele sofre uma sazonalidade de produção forrageira, onde temos pastos de boa qualidade na época das águas, qualidade intermediária em períodos de transição, e má qualidade na época da seca, e em cada etapa deve ser feito uma programação nutricional.

Com foco no período seco do ano, caracterizado por uma pastagem com alta concentração de fibra e baixo teor de proteína, é nesse período que na maioria das propriedades rurais temos a redução dos desempenhos zootécnicos, que acontece em razão da menor ingestão de matéria seca.

A estratégia do uso do proteinados, junto ao bom volume de pastagem, tem a função primordial de alimentar a microbiota do rúmen, e com isso existe um efeito cascata, pois com uma boa nutrição da microbiota, temos uma melhor digestibilidade do pasto consumido, aumentando a taxa de passagem desse material pelo trato gastrointestinal e esta, volta a consumir pastagem novamente e mais rápido, com isso aumenta o consumo de matéria seca diária. Esse efeito cascata demonstrado só é possível com a suplementação correta, com proteína e energia com a proporção de 1:7, que vai propiciar a maior multiplicação da microbiota ruminal. O aumento do consumo de matéria seca de capim junto ao consumo de proteína, energia e minerais do proteinado vão melhorar a nutrição desse animal.

A seca coincide também com a fase mais crítica para as vacas, que é o período do terço final da gestação, quando ocorre um crescimento exponencial do feto, que chega a desenvolver de 70% à 80% nessa fase, e a demanda nutricional da vaca em energia, proteína e minerais aumentam consideravelmente. Devido às condições de pastagens relatadas anteriormente aliados ao aumento na exigência nutricionais no final da fase gestacional não é difícil constatar o baixo ECC, afetando diretamente o pré e o pós parto.

É comprovado que vacas com baixo escore corporal (abaixo de 2,5) durante a seca vão parir magras, e esse fator interfere de forma negativa no desempenho reprodutivo, pois esses animais vão sofrer com maior intensidade os efeitos do balanço energético negativo e demorar mais tempo para estarem aptas à reprodução novamente, alongando assim o período de serviço e o intervalo entre partos, o ECC ideal para o terço final de gestação e parição varia de 3 a 3,5.

O erro de manejo nutricional no período da seca pode representar até 4 bezerros a menos durante a vida útil de uma vaca, um prejuízo que pode ser revertido com uso de proteinados, conseguindo um intervalo entre partos ideal de até 13 meses, e não acima de 18 meses como é a média das propriedades do Brasil.

O conceito de nutrição fetal, consiste que o estímulo ou déficit nutricional para a vaca vai afetar o desenvolvimento fetal e terá impacto durante toda a vida do bezerro que vai nascer, tanto é, que a subnutrição da matriz pode causar aumento da mortalidade neonatal, disfunção intestinal e respiratória, crescimento após o nascimento retardado, menores formações de fibras musculares e menor formação dos tecidos reprodutivos dos bezerros.

Fazenda de cria tem que se preocupar além de ter um bezerro pesado ao desmame, ter novilhas aptas a reprodução, porém se essa novilha é filha de uma vaca que sofreu negligência nutricional terá menores taxas de prenhez e maior idade à puberdade em comparação a novilhas filhas de vacas que receberam suplementação proteica na seca, ou seja, o impacto da nutrição com proteinado na época seca do ano vai perdurar nas próximas gerações de reposição.

A adoção de um protocolo nutricional direcionado para vacas na seca com o uso de um proteinado e reserva estratégia de volumoso, pode mudar a realidade da propriedade rural, levando-a a ser destaque em qualidade de matrizes, bezerros e novilhas de reposição. O proteinado terá efeito na ingestão de matéria seca diária, impactando a condição de escore corporal das vacas, nutrição do feto e diminuindo o intervalo entre partos, tendo como retorno financeiro maior quantidade de bezerros desmamados por vaca durante sua vida útil, tornando assim um ótimo investimento financeiro na propriedade.

Luiz Henrique S. Almeida é zootecnista, Mestre em Ciência Animal e atua no Departamento Técnico de Nutrição Animal do Grupo Matsuda.

Escrito por:
Méd. Vet. Luiz Henrique Almeida

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