Na safra da pecuária tropical nos deparamos com dois períodos climáticos bem definidos: águas e seca. Nas águas temos condições climáticas ideais para forragens tropicais. Já no período seco, temos um menor volume de chuvas e luminosidade, além de temperaturas mais baixas, o que irá acarretar em menor crescimento, valor nutricional e digestibilidade das forragens. Mas essas mudanças não acontecem de forma abrupta, o período que ocorre essas mudanças é que chamamos de “Período de Transição Águas-Seca”. Como o próprio nome nos sugere, nesse período acontece uma transição do padrão climático das águas para a seca, portanto as pastagens irão apresentar uma diminuição gradual da sua produção, de seu valor nutricional e de sua digestibilidade.
Essa diminuição da digestibilidade acarreta em uma menor ingestão de matéria seca e consequentemente diminuição dos níveis de produção. Por esse motivo o maior desafio da pecuária a pasto é aumentar a digestibilidade da dieta para que possamos aumentar a ingestão de matéria seca. E quando falamos em melhorar a digestibilidade devemos nos lembrar sempre dos micro-organismos ruminais, pois estes são os responsáveis pela degradação da fibra no rúmen. Pensando nisso, quando complementamos a dieta com fontes proteicas e energéticas durante o período de transição, estamos fornecendo nutrientes para que os micro-organismos ruminais possam efetuar o seu trabalho e por consequência aumentar a digestibilidade e melhorar o desempenho animal.
No que diz respeito as fontes proteicas utilizadas como complemento durante o período de transição devemos nos preocupar em utilizar boas fontes de proteína verdadeira pois estas irão fornecer aminoácidos essenciais para a microbiota ruminal. Sendo que altos níveis de nitrogênio não proteico (NNP), como a ureia, não são adequados para este período.
Portanto quando adotamos estratégias específicas, levando em consideração a exigência da categoria animal na qual estamos trabalhando, a dinâmica do clima regional e como funciona a fisiologia das forragens, temos um resultado expressivo e um aumento significativo dos níveis zootécnicos, geralmente representados como: maior taxa de natalidade, mais quilos de bezerros desmamados por vaca/ano e mais abates de animais com até 30 meses.