O período seco do ano não é novidade para o pecuarista, mas é sempre desafiador e se torna preocupante quando o assunto é a nutrição dos bovinos. As variáveis como o clima, diversidade de pastagens, categoria animal, taxa de lotação e o sistema de produção, vão influenciar em como essa fase será enfrentada.
Levando em conta que os bovinos são ruminantes, para se preparar é importante conhecer um pouco sobre o funcionamento do mecanismo do rúmen, órgão do trato digestório responsável pela maior parte da metabolização dos ingredientes ingeridos, composto por bactérias, fungos e protozoários. Esses microorganismos são chamados de microbiota ruminal e sua interação com a pastagem é essencial para o desempenho produtivo. A principal fonte nutricional dos ruminantes é o volumoso, ou seja, o capim, pois é de onde vem as fibras que são a base para a produção dos ácidos graxos voláteis de cadeia curta (AGVCC), como o ácido acético, ácido butírico e ácido propiônico, encarregados por gerar energia para as funções biológicas do organismo, contribuindo com a produção animal.
As fibras possuem propriedades diferentes de acordo com o período do ano. No período chuvoso possuem FDN (fibra em detergente neutro) e FDA (fibra em detergente ácido) mais baixos, indicando boa qualidade da fibra, sendo assim mais palatáveis, mais fáceis de serem digeridas e com alto valor nutricional, principalmente em relação a proteína e energia.
Já no período seco do ano o cenário é diferente, o FDN e FDA são mais altos, diminuindo a palatabilidade da fibra, tornando mais difícil sua digestão, limitando assim o consumo de matéria seca pelo animal. Nessa fase o valor nutricional é significativamente reduzido, especialmente a proteína que pode diminuir em até 50% comparado ao seu valor nas águas. Isto prejudica o escore de condição corporal (ECC) dos animais, devido a perda de peso durante o período seco do ano.
No caso da categoria de cria, o sistema reprodutivo é o mais afetado com o baixo ECC das vacas, condição que pode ser mensurada na diminuição da taxa de prenhez e no aumento do intervalo entre partos. Outro fator a ser considerado é a nutrição fetal do terço final da gestação, que geralmente ocorre no período seco e também passa por falhas quando a matriz é privada de alimentação. Nos animais de recria e engorda, o emagrecimento dos animais no período seco e a recuperação quando retorna o período das águas, causando o efeito sanfona, é o primeiro fator a ser observado e o de maior impacto financeiro para o produtor.
Dessa forma, é importante buscar eficiência ruminal para maior absorção dos nutrientes, proporcionando para esses microorganismos condições para digestão das fibras, especialmente as de baixa qualidade. Isso é feito fornecendo substrato para a microbiota ruminal, através da suplementação. O uso do “proteinado de seca” é uma estratégia principalmente para suplementar o déficit de proteína da pastagem nesse período, promovendo também a continuidade da mineralização dos animais.
A suplementação de proteína pode ocorrer por meio da ureia, oriunda do NNP (nitrogênio não proteico), ou de matérias primas com fontes de proteína verdadeira utilizadas para a nutrição animal, como o farelo de soja, DDG, co-produtos do algodão e muitas outras opções. Quando se utiliza a ureia associada com fonte de proteína verdadeira que também oferece energia, o aproveitamento pelo rúmen se torna mais eficiente.
A Matsuda possui a linha Winter Fós, com produtos específicos para as diferentes categorias, possibilitando a escolha de uma suplementação de acordo com o objetivo da fazenda, com macro e micro minerais, fontes de proteína verdadeira e ureia. Vale ressaltar que o uso do proteinado de seca só deve ser feito quando há oferta de volumoso, no caso da pecuária a pasto, o capim seco, e não pela ausência da forragem. Seu uso inadequado pode acarretar em prejuízo para a produção, pois a microbiota do rúmen vai receber substrato para se desenvolver, mas não vai receber a fibra, causando emagrecimento nos animais.
É possível compreender que o planejamento para o período seco deve ser feito com antecedência, obtendo oferta de pastagem para que seja complementada com suplementação correta, corrigindo o déficit de proteína e mantendo a mineralização.